Aparição n° 01 - o Migrante e seu Lavrado - Elemento: Ar
Uma Aparição cruza a cidade buscando fragmentos de uma esperança que não tem forma definida, vai segurando o que encontra pelo caminho com o medo de que tudo se desmanche pelo ar.
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Sobre a obra
Nesta performance, o artista Eduardo Fernandes, que é roraimense, reflete sobre o que há de Lavrado em cada um de nós.
Lavrado é uma palavra polissêmica: no direito pode representar algo que se firmou, que foi acordado, na agricultura diz respeito a algo que se arou, que foi cultivado, na costura é sinônimo de algo feito a mão, de uma peça feita com agulha. Já no estado de Roraima, Lavrado é um termo utilizado para definir a região de vegetação aberta situada na porção nordeste do território do Rio Branco.
Processo Criativo
A ideia geral da performance foi elaborada por Mandú, sendo pensada desde o começo para Eduardo com base nas experiências do performer como um artista roraimense que migrou para São Paulo para se profissionalizar nas artes cênicas. A elaboração da performance partiu de dois arquétipos:
Cruviana: guardiã dos ventos, presságio das manhãs. Não é a toa que em muitas cidades sucede uma brisa noturna e nevoeiro altas horas da madrugada, que, por vezes, dura até as primeiras horas da manhã. Cruviana está presente nos imaginários de diversos povos indígenas nas regiões norte e nordeste, a entidade também passou por um processo de folclorização, se tornando parte da cultura popular de diversos estados. Muitos contam que se manifesta comumente nas noites e sua presença normalmente é indicada por um vento gelado.
O Eremita: é o nono Arcano maior do Tarot. É uma carta que simboliza o isolamento, restrição, afastamento. O eremita isola-se para descobrir o conhecimento que o rodeia, na natureza, por exemplo, e também para se autoconhecer.
Após a consolidação do conceito geral, Mandú e Eduardo se concentraram na preparação física e na elaboração do trajeto da performance enquanto toda a Seita se concentrou na formulação estética da Aparição. Foram muitos desenhos, croquis, testes de maquiagens e tecidos até a versão final. O trajeto final da performance foi: CTA – Praça Cônego Lima – Cine Teatro Benedito Alves, Mirante para o Banhado – Parque Vicentina Aranha.
Ficha Técnica
Performer: Eduardo Fernandes.
Preparação física: Mandú.
Fotografias: Will S. Sousa.
Captação de vídeo: Mandú.
Trilha Sonora: Diego Almeida.
Conceito e narrativa: Dae Lee, Diego Almeida, Eduardo Fernandes, GUIA, Henri Ferraz, K8 Valença, Mandú, Mariana Thaís, Morgana, Will S. Sousa.
Figurino e maquiagem: Dae Lee, Diego Almeida, Eduardo Fernandes, GUIA, Henri Ferraz, K8 Valença, Mandú, Mariana Thaís, Morgana, Will S. Sousa.
Produção Executiva: Dae Lee, Diego Almeida, Eduardo Fernandes, GUIA, Henri Ferraz, K8 Valença, Mandú, Mariana Thaís, Morgana, Will S. Sousa.
Referências
Em memória de Devair Fiorotti (1972-2020) e Jaider Esbell (1979-2021). Mais que inspirações, foram nossos amigos e entidades inestimáveis da cultura com quem tivemos o prazer de conviver.
Gaston Bachelard (1990). O ar e os sonhos: ensaio sobre a imaginação do movimento. São Paulo: Martins Fontes. Trabalho original publicado em 1943.
Gaston Bachelard (1996). A poética do devaneio. São Paulo: Martins Fontes. Trabalho original publicado em 1960.
Davi Kopenawa e Bruce Albert (2015). A queda do céu: palavras
de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras.
Carl Gustav Jung (2016). Memórias, sonhos, reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. Trabalho original publicado em 1961.
Devair Fiorotti e Jaider Esbell (2017). Urihi nossa terra, nossa floresta. Roraima: Patuá.
Rafael Barros (2018). Tour (IN)visibilidade: uma proposição de um dos maiores jovens gênios da arte brasileira. Gravação disponível aqui.
Amanara Brandão (2022). Seu Lixo video-performance: uma criação dessa atriz, performer, contadora de histórias e palhaça de Porto Velho/RO. Gravação disponível aqui.
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